By ascom@camaru.org.br 17 de outubro de 2017
Evento organizado por sindicatos rurais e Fecoagro Leite Minas promoveu encontro do Ministro da Agricultura Blairo Maggi com mais de mil produtores de leite
O primeiro manifesto nacional para fortalecimento da cadeia produtiva do leite aconteceu na última segunda-feira (16/10), no município de Prata-MG, com a presença do Ministro da Agricultura Blairo Maggi. O Manifesto SOS Leite, organizado por sindicatos rurais, em conjunto com a Federação de Cooperativas Agropecuárias de Leite em Minas Gerais (Fecoagro Leite Minas), teve participação de mais de mil produtores de leite, além de lideranças políticas do Estado e representantes de entidades ligadas à pecuária leiteira, como cooperativas e associações de criadores de bovinos.
Entre os pleitos apresentados pelos produtores no evento estão pedidos para utilização de produtos lácteos nacionais nas compras governamentais e desoneração da cadeia. No manifesto apresentado pelo coordenador da câmara de leite da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Vicente Nogueira, os produtores de leite e suas cooperativas dizem não às importações desleais e predatórias (formalização de acordo com o Uruguai), não às fraudes e não à reidratação de leite em pó para fabricação de leite fluido para consumo direto. “O Ministro teve hoje uma demonstração de quanto os produtores de leite, sindicatos e cooperativas estão mobilizados na defesa da sobrevivência. Estamos preparados para fazer a maior manifestação em Brasília levando milhares de produtores de leite e entregar esse pleito ao presidente da república”, revelou Nogueira.
Entre as questões levantadas pelos produtores no evento está a balança comercial entre Brasil e Uruguai cujo saldo em 2016 foi favorável ao Uruguai em US$418 milhões, sendo que 36% referem-se aos produtos lácteos. Nesse período, o Brasil foi o destino de 86% do leite em pó desnatado e 72% do leite em pó integral exportado pelo Uruguai. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Thiago Fonseca, além da divergência na tributação do produto nos dois países, deve-se considerar ainda a diferença no modelo de produção. “É difícil comparar custos de produção de um produtor com outro, principalmente entre países. Eles têm um custo de produção completamente diferente do nosso e o preço que estão praticando em seu produto é abaixo do nosso custo de produção; isso é dumping”, avalia. Fonseca alerta ainda para o risco de triangulação de leite entre países. “Há suspeitas ainda não confirmadas de que alguns países aproveitam do livre comércio que há no Mercosul para vender seu produto no Brasil, sem tributação, via Uruguai”, afirmou. O Sindicato Rural de Uberlândia mobilizou associados e diretores para participar do encontro. A entidade disponibilizou canais de comunicação para divulgar o evento e disponibilizou um ônibus para transporte de cerca de 30 produtores. Na visão do presidente Thiago Fonseca mobilizar a classe para participar de iniciativas desta natureza é de extrema importância para o segmento. “Esta iniciativa, juntamente com várias ações que estão sendo planejadas para fortalecer os produtores de leite são uma a resposta que damos para os associados”, afirmou Fonseca.
Representando o Sistema FAEMG, o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da entidade, Eduardo Pena, reafirmou o compromisso da entidade com a causa dos produtores de leite. “Empenhamos nosso apoio ao Ministério da Agricultura e às medidas adotadas para minimizar os impactos da crise da no setor da pecuária leiteira”, disse. Eduardo Pena também disse que as medidas tomadas pelo governo já começam a repercutir, principalmente na relação do setor com as indústrias.
Em coletiva de imprensa o Ministro Blairo Maggi admitiu que o Brasil pode voltar a comprar leite do Uruguai. “Não é um medida definitiva até porque se eles recorrerem a qualquer órgão internacional como a OMC eles tem direito de vender o leite para o Brasil”, disse. Maggi prometeu, no entanto, que enviará uma comitiva ao país vizinho para averiguar se há indicações de triangulação.
Segundo o Ministro a solução para a crise no setor também passa pelo aquecimento da economia brasileira. “As pessoas comem e bebem aquilo que desejam na medida em que tenham recursos para isso. Não é necessário incentivo para as pessoas comerem; é preciso ter renda. A economia começa a voltar e quando os empregos voltarem tenho certeza que tudo isso será resolvido, porque dinheiro na mão das pessoas a primeira coisa que vira é uma alimentação melhor”, afirmou.
Ao final do evento, representantes de entidades ligadas ao setor e produtores de leite fecharam a BR 153 com manifestação pacífica acompanhada pela Polícia Rodoviária Federal onde distribuíram mais de três mil litros de leite para motoristas.